O CORAÇÃO E O VERBO CHOVER
Ambos são intransmissíveis. O verbo chover é intransitivo. Para ele inexiste a primeira, segunda ou terceira pessoa. Não existe “eu vou chover” ou “ele choverá”
Em versos poéticos podemos até afirmar que “doamos o nosso coração”; “que entregamos o coração”.
Vejam que romântico: “A ti doei o meu coração”. “O meu coração é todo seu”. Mas que nada. É apenas poesia.
Como eu disse e afirmo sem medo de errar o coração, assim como o verbo chover são intransmissíveis. Para eles não existe partilha física.
Ninguém tem o dom de sair por aí anunciando que “Eu vou chover hoje”, “Eu choverei amanhã “.
Igualmente um ser humano só pode consumar a doação do seu coração após a morte física, posto que seja impossível extrair um coração de quem ainda está vivo para transplantar em outra pessoa.
Numa coisa os poetas tinham razão quando disseram: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”. “Não choverei por que não sou de chover e também por que a chuva não está em mim”.
(Clementino, poeta e músico de São Sebastião - SP/BR.).