BENEFÍCIOS DO OVO
“Uma amiga do Facebook, integrante do grupo Português só para quem gosta” postou uma indagação sobre qual tipo de ovo gostamos, se escalfado ou poché. Esta postagem gerou inúmeros comentários, inclusive o meu. Fez-me lembrar de um caso.
Eu não cursei gastronomia, nem sou nutricionista, mas conheço por experiência de vida que o ovo é um dos alimentos mais ricos em cálcio e proteínas.
Tenho um fato ocorrido há sessenta e três anos atrás que presenciei e que até parece uma historinha, mas não é. Foi verídico mesmo. Eu estava presente e vi tudo “in loco”. Passo a contar pra vocês, caros amigos e leitores.
Lá em São Sebastião – SP, litoral norte, anos 1958/1959 quando eu tinha treze anos trabalhava das nove horas até as dezessete horas num cartório apenas para aprender a profissão, mas ganhava os meus trocados trabalhando numa padaria, das quatro horas da madrugada até as oito e meia. Detalhe: Naquela época menor de idade não era proibido de trabalhar e nem existia um índice de criminalidade por menores infratores como agora. Não existia a fábrica de bandidos acobertada pelo nome de ECA.
Como morava um pouco distante quando chovia ou tinha algum problema eu acabava ficando em alojamentos que existiam nos fundos do prédio da padaria exatamente para uso dos padeiros e funcionários.
Entre os funcionários tinha o seu Chico, uma pessoa boa e prestativa. Ele fazia de tudo. Era assim como o nosso coringa. Criava os seus remédios caseiros que eram muito curiosos, bastante eficazes, vez que em todos eles tinham a pinga ou álcool como complemento. Mordida de cobra, picada de insetos, etc. para cada uma ele tinha uma medicação que com precisão o seu Chico manipulava, claro, com aguardente.
Houve uma ocasião, até hoje não sei por que, o espaço exterior da padaria ficou infestado de ratos e baratas, por isso a Dona Hilda Seleghin, proprietária da padaria determinou que se aplicasse inseticida em quase todo ambiente. Feito isso aguardamos.
Eu estava em um dos quartos pronto para descansar quando ouvi um grito de pedido de socorro acompanhado de uma gritaria e tanto. Um dos rapazes havia comido alguma coisa envenenada com essa inseticida forte. Diante da correria veio o senhor Chico com uma receita nova e, no mínimo “sui generis”.
Pediu que trouxessem três ovos, colocou a mão na boca do rapaz e a abriu. Em seguida um a um quebrou os três ovos e fez com que o enfermo os engolisse. Até hoje eu me lembro como se tivesse acontecido agora. Em menos de dois minutos o rapaz vomitou tudo o que tinha no estomago, inclusive o veneno que tinha ingerido. Foi espantoso. Ficamos todos boquiabertos. Claro, aplaudimos e abraçamos o seu Chico com muita euforia.
Essa foi uma grande descoberta. O ovo pode salvar uma vida. O seu Chico abdicou das suas receitas habituais com pinga e criou uma nova medicação para curar pessoas envenenadas.
Não é ficção. Para este modesto poeta é experiência de vida, acompanhado de muito amor e compreensão.
(Clementino, poeta e músico de São Sebastião – SP/BR.)