MINUTOS DIFERENTES
Um minuto... Ah! Esse minuto...
Para quem espera alguém, aguarda a chegada de uma encomenda ou precisa receber notícia de um ente querido é terrível esperar mais um minuto. Ás vezes é mais causticante que os raios do sol. Se está num lugar sem abrigo debaixo do sol ou da chuva é pior ainda.
Ah! Esse minuto...
Para quem está dentro de uma condução com tempo marcado para chegar ao seu destino, mas os problemas de trânsito, de acidentes inesperados ou avaria do coletivo, do navio, do avião, etc. já está atrasado cada minuto que se passa é manifestamente insuportável. Parece uma eternidade.
Ah! Esse Minuto...
Para aquele que necessita de uma informação ou de um acerto de contas com alguém sobre um crédito a receber, precisa agendar o conserto de um equipamento eletrônico, de um celular danificado, um fogão que chegou com defeito, etc., então liga para a empresa ou para o responsável e do outro lado da linha vem àquela voz sedosa e macia que diz: “Por favor, aguarda um minutinho” é triste. Normalmente aceitamos. Daí enquanto aguardamos começa aquela musiqueta enfadonha e intermitente no nosso ouvido por mais de quinze minutos que parecem até castigo dos céus. A rigor a gente quer morrer de tanta raiva...
Ah1 Esses minutos...
Para aquele que vai chegar ao encontro da pessoa amada ou ente querido, que vai trazer a encomenda ou a notícia, que precisa resgatar uma dívida ou cumprir um compromisso agendado, se é honrado, responsável e respeitador com certeza se incomoda e fica desesperado com o atraso, mesmo que seja de apenas um minuto.
Já aquele que contumazmente se atrasa ou o caloteiro, o empresário irresponsável que não está nem aí com a demora e atraso dos seus veículos, suas embarcações e aeronaves que servem e atendem o povo em geral, certamente não se preocupa com nada e se alguém está ou não sendo prejudicado por um atraso. Para eles um minuto ou uma hora nada significa.
Infelizmente somos cem por cento vítimas ou dependentes dos minutos diferentes de cada ser humano.
Ah! Esse minuto...
Enfim, nem tudo é triste e desconfortável. Nada está perdido. Existe aquele minuto que nós gostaríamos que nunca passasse. É aquele minuto bom que ficamos nos braços da pessoa amada. Aquele minuto quando ouvimos uma boa música ou que o silêncio total impera nos permitindo elevar o pensamento e mentalmente orar.
(CLEMENTINO, poeta e músico de São Sebastião – SP/BR.)