MAMÃES
Da direita para a esquerda estão a minha mãe, a minha sogra Missao Nezu e depois os netos delas, meus sobrinhos, inclusive a minha filha Cynthia Harumi.
Depois que a mamãe nos disse adeus e foi morar no outro lado do mundo (na espiritualidade), percebi que ela foi e é ainda mais importante e amada por todos nós os seus filhos, netos, sobrinhos, parentes e amigos em geral.
Percebi o quanto a sua altivez, determinação, compreensão e sabedoria, embora nesta terra e na última encarnação fosse analfabeta superava todas as expectativas de um intelectual.
Mamãe falava bastante e expunha do seu jeito peculiar de matuta tudo aquilo que queria. Não ofendia ninguém e nem alisava ninguém a toa. Sempre sincera não se alterava por qualquer bobagem. Nunca se preocupou se falava correto ou não a nossa língua. Colher ela dizia “cuié”, calça ela dizia: “carça”. Mamãe não mandava por e sim “ponhar” alguma coisa no lugar. Nas orações ela pronunciava: “Santíssimatrindade” e não “Santíssima Matrindade” como os alfabetizados faziam.
Na Praia Grande em São Sebastião tinha muito Chapéu de Sol (uma árvore de médio porte que faz bastante sombra e produz uma frutinha amarelada com uma castanha que é comestível) que dava na beira da praia. Aliás, lá ainda existem muitos. Mamãe falava que era “Chapéu de Sór”. Alface ela chamava de “Arface”. Eu achava engraçadíssimo o nome que ela dava à carcaça de frango onde tem a parte traseira: Coranxim. Não sei de onde vem essa palavra.
Contei tudo isso para provar que mamãe, como devem ter sido todas as mães de vocês meus amigos leitores, (presentes nesta terra ou na espiritualidade) sempre enxergam e enxergavam muito além até das visões. Parece que a linha do horizonte das mães é infinitamente maior do que a nossa.
Até os seus últimos dias de vida física na terra mamãe praticou o amor e a caridade. Distribuía tudo o que tinha com todos. Não media esforços para costurar roupas pra alguém; ajudar nos afazeres do lar de pessoas temporariamente incapacitadas.
Qualquer um de nós os seus filhos ou parentes que a visitassem a qualquer hora do dia ou da noite ela recebia com uma refeição farta. Se não tivesse pronto imediatamente ela ia pra a cozinha e fazia. Os meus filhos amavam as balas de coco que ela fazia e deixava num vidro grande à disposição na mesa em qualquer dia da semana, do mês ou do ano. Sabia que nós íamos sempre.
Esta minúscula crônica é para em nome da mamãe ANA MARIA DA CONCEIÇÃO homenagear todas as mães do mundo. Sem as nossas mamães não seríamos nada. Absolutamente nada.
O meu desejo é que no dia 14 de maio próximo (domingo) todos estejam em paz no convívio das suas mães queridas. Lembrem-se: Mesmo que elas não estejam fisicamente certamente estarão com vocês vibrando cheio de amor na espiritualidade.
(CLEMENTINO, poeta e músico de São Sebastião – SP/BR).