A TARDE-NOITE QUE ERA SOMBRIA
Era uma tarde de agosto, meio e ponto mais alto do inverno com a temperatura baixíssima.
Face ao negrume da noite que se prenunciava e o denso nevoeiro o ambiente era quase tétrico.
Tudo nos levava a odiar aquele momento, posto que para completar o quadro sombrio estivéssemos em desarmonia total.
Ao apagar das luzes com a chegada definitiva da noite de lua minguante a nossa cabana onde antes vivemos momentos muitos de amor agora era apenas uma geleira negra.
Daí aconteceu o inesperado. Ela agarrou-se ao meu corpo sussurrando e gemendo aquele gemido de quem teme alguma coisa, dizendo:
- É hora de nos perdoarmos e reconciliarmos.
Atônito, mas sentindo um frio de felicidade incontida, também murmurei:
- Sim meu amor. É esse o momento de consagramos a nossa união.
Vieram longos beijos, muito carinho e ternura e então à tarde-noite deixou de ser sombria.