BOM DIA, BOA TARDE, BOA NOITE E BOA SORTE. QUE DEUS NA SUA INFINITA BONDADE NOS ILUMINE HOJE E SEMPRE.
CLEMENTINO, poeta e músico de São Sebastião-SP
Paraíso dos poemas e canções de um poeta e músico caiçara
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Textos
 


 
EU CHEGUEI LÁ
 
 
 
Eu já estou na era do museu ou do macaco.
Tem um povo que se acha esperto por aí que resolveu maquiar e personalizar os cidadãos idosos dando-lhes nomes, apelidos e denominações rebuscadas, como se isso melhorasse as condições dos cidadãos mais antigos. Eu nunca uso a palavra “velho” porque segundo a memorável comediante Dercy Gonçalves, só pano de prato e de chão ficam velhos e furados. Concordo plenamente com ela.
Por isso esses criadores de ilusões inventaram e falam que fulano ou cicrano está na "terceira idade", "melhor idade", "já é vovô ou vovozinho", etc. Já a molecada moderna e cheia de razão chama de "tiozinho" mesmo.
O REI
Do nascimento ao jardim da infância o homem a rigor leva uma vida de rei, mesmo no ceio das famílias mais pobres e humildes. Não há quem não goste de fazer as vontades de uma criança, principalmente os avôs e avós. A criança manda na casa. E quando é filho único então...
O POR QUÊ? E OS NÃOS
No jardim da infância começam as mudanças do comportamento de cada homenzinho, para melhor ou para pior. Depende de como os seus progenitores e ou responsáveis os conduzem e educam. Penso cá comigo que é uma das mais árduas tarefas. Já vivi esta fase da vida.
É o período dos questionamentos. A índole é inerente ao espírito do homem, porém os seus anseios e comportamentos são neste período que precisam ser vigiados, com responsabilidade, respostas claras e adequadas, firmes e cem por cento corretas, uma vez que o caráter desse ser depende exclusivamente disto.
A PERDA DO REINADO
Na transição da infância para a adolescência começam em geral as indagações, busca de espaços e de conquistas e os jovens dão aquela reviravolta na vida. Até porque aquele (a) menininho (a) que ordenava como um rei volta a ser ordenado (a) e vigiado (o), Assim nas condições de um príncipe passa na maioria dos casos cumprir ordens.
EVOLUÇÃO
Entre os catorze e vinte e um anos de idade, quando a infância e a adolescência se misturam e se confundem o homem começa realmente tomar ciência da sua vida em todos os sentidos pessoais, principalmente quanto às suas responsabilidades profissionais, morais e espirituais.
Até aqui o homem realmente vive ou viveu. Nesse período de vida todo ser humano tem algo de bom para contar aos seus futuros filhos e netos, uma vez que estudou, frequentou ou frequenta uma universidade, faz inúmeras amizades, namora, vai para as baladas com os amigos, pratica esportes e engendra na sua mente milhões de sonhos a serem realizados.
ERA DO BURRO DE CARGA
Dos vinte anos de idade em diante, não que seja regra, uma vez que as regras tem exceções, até mais ou menos cinquenta ou sessenta anos é quando o homem normalmente começa a sua jornadas profissional. Muitos trabalham como verdadeiros burros de cargas para poder honrar os compromissos assumidos e sustentar a família com dignidade.
A ERA DO CACHORRO
Após os sessenta anos de idade, a rigor os homens aposentados e mais idosos são escalados para tomar conta das casas e dos netos enquanto os mais novos vão à luta. Esses anciões passam horas e horas do seu dia tomando conta da casa enquanto os demais trabalham fora.
Essa é uma etapa da vida bem engraçada, posto que seja comum daí em diante automaticamente o vovô ou a vovó começar a ser disputado (a) ou empurrado (a) periodicamente para a casa de cada filho.
OLHA AÍ A ERA O MACACO
A partir dos sessenta e cinco ou setenta anos de idade a força física do homem fica bastante reduzida. Os seus reflexos nem se fala. Os filhos então passam a revezar entre si a estadia dos pais e avós. Tal qual um macaco os vovozinhos mudam da casa de um filho para outra. Diz-se dos macacos que mudam de galho em galho. Assim são esses pais e avós. E ainda, passam a fazer caretas e micagem para os netinhos e bisnetos a fim de agradá-los.
O MUSEU
Museu é lugar de quinquilharias, obras de arte e coisas antigas. Algumas peças e obras de museu são valiosíssimas. Muitas vezes eu ouvi alguma pessoa se referir a um idoso tratando-o como uma peça antiga descartada e sem valor ou como uma obra de arte que deveria estar num museu. Penso até que é por isso que existe um ditado popular assim: “QUEM GOSTA DE VELHARIA É MUSEU”. Claro, isso é próprio de pessoas pobres de espírito e de coração duro.
FINAL DA CORRIDA
Daqui pra frente tudo é lucro. Já estamos fazendo horas extras. Aos setenta anos eu estou queimando os últimos cartuchos que guardei nem sei bem porque. Não parece, mas quando aproveitamos bem as dádivas de Deus na nossa infância, adolescência e juventude fica mais fácil tornar-se ancião, vovozinho, tiozinho e outros “inhos” quaisquer sem reclamações. A vida fica mais fácil. A gente consegue assimilar o desenrolar da vida com mais clareza.
OBA! OLHA AÍ O QUE EU SOU
Ah! Ah! Ah! Ah! Poeta da terceira idade. Músico da melhor idade. Ancião. Tiozinho. Vovozinho? Não sou. Os meus quatro filhos ainda não me deram este prazer.
De qualquer forma, um tanto saudoso e tradicionalista eu assumo a condição de idoso. Porém realizado e feliz. Viva a música e a poesia que rejuvenesce qualquer ser e nos remetem só para os bons momentos da nossa existência. O meu violão que o diga.
THE END
A MORTE ME ESPERA A QUALQUER MOMENTO.
 
CLEMENTINO POETA E MÚSICO
Enviado por CLEMENTINO POETA E MÚSICO em 03/06/2015
Alterado em 03/06/2015
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