POBREZA DE PALAVRAS
Anoiteceu e eu ainda não encontrei as palavras certas para declarar convincente o meu imenso amor.
Pobre de mim um poeta frágil que não sabe poetar em causa própria. Que ainda não consegue se fazer ouvir claramente por quem tanto ama.
Oh! Criador do Mundo! Voz que compreende nós os fracos, os pobres de espíritos que sabemos poetar para os outros, mas não para si próprios. Ajuda-nos nessa tarefa. Não de um conquistador, mas de um poeta cheio de amor.
Nesse emaranhado de palavras pobres e primárias que perambulam no meu cérebro pensante nada encontro que possa reforçar as minhas teses e súplicas amorosas e carinhosas.
Eu te amo, eu nasci pra te amar, o meu amor é maior que tudo, não vivo sem ti, blá blá blá, etc. e tal o mundo inteiro já declamou. Até quem nunca foi poeta e jamais compôs um verso.
Ah! Mas eu não. Vivo por aí poetando e mostrando os meus dotes românticos e poéticos. Basta uma onda quebrando na praia, uma gota de sereno caindo, um pássaro cantando e o tema de amor instantâneo está pronto.
No entanto, neste exato momento quero reforçar todo o meu amor. Quero enfatizar o quanto sou feliz por amar aquela bela mulher. Mas a minha voz está embargada. E as idéias não consigo concatenar.
Resta-me assim o consolo de poder demonstrar com gestos nobres os sentimentos do meu coração mesmo com a pobreza das minhas palavras. Afinal, um olhar, um abraço apertado e um beijo carinhoso falam bem mais altos.