A FLOR, A PRINCESA E A ESPOSA.
A partir de um buquê apanhado no ar por pura sorte no meio de tantas outras candidatas à nova noiva, nasceu uma flor encantada querendo se casar.
E eu imediatamente me inscrevi naquele coraçãozinho pleiteando uma fagulha de amor. Esforcei-me ao máximo para fazer jus a tal pretensão.
Bem sucedido como sempre me ocorria, não tive dificuldades em conquistar aquela bela mulher, dela fazendo uma princesa.
Esqueci-me, no entanto, que toda princesa acaba virando rainha assim que sobe no trono. Por isso em pouco tempo eu não passava de um plebeu,
E como tal agora apenas servia a minha rainha. Se pelo menos antes carregasse comigo um medalhão da nobreza por certo não passava por isso.
Assim as flores ao nosso redor murcharam pelo nosso abandono. Não tínhamos mais tempo para cuidar da natureza e sonhar como antes.
Os jardins e os bosques que circundavam a nossa mansão tornaram-se escuros e tétricos, vez que os guardas de segurança local assim os deixavam.
Se íamos a um evento social a criadagem fazia tudo, sem nem sequer nos deixar escolher as indumentárias.
Já sabiam exatamente o que deveríamos e poderíamos usar naquela ocasião.
Ao nos recolhermos para os nossos aposentos a privacidade era quebrada por dois guardas que ficavam à porta, prontos para tudo.
Desta forma, a vida tão feliz que vivíamos quando éramos livres, passou a ser enfadonha ao extremo.
Felizmente o dia clareou e eu me libertei definitivamente. A minha verdadeira flor ali estava do meu lado, sorrindo e me acariciando, com frases lindas:
- Meu amor, bom dia. Você sonhou que me amava e me deixou muito feliz, pois repetiu esse amor por mais de cinqüenta vezes, sempre me beijando.
- Não sou a princesa e nem a flor com a qual estavas sonhando, porém me sinto a mulher mais feliz do mundo.