DESEJOS
Bem no meio do bosque, num banco duro de ripas aparelhadas, já descoloridas pelo tempo, dávamos vazão aos impulsos carnais.
Um turbilhão de desejos incontroláveis invadia nossos corpos e mentes. E tudo em nós convergia para um só ponto, mas sem direção.
Naquele momento as frases que murmurávamos eram sem nexo e ininteligíveis. Até inconseqüentes, vez que a carne gritava mais alto.
Sequer ouvíamos o gotejar das bicas ali existentes e muito menos o canto dos pássaros, o tiritar do vento, os cri-cri dos grilos, o coaxar dos pequenos batráquios ou outro som ao nosso redor.
Nossos comandos mentais eram zero em relação à vida e o mundo.
Não obstante estarmos de olhos bem abertos, nada víamos ou enxergávamos além das nossas próprias siluetas.
As bolinações, beijos e carícias se sucediam e se intensificavam cada vez mais.
De repente os nossos corpos estremeceram e uma leveza nos invadiu, deixando-nos quase inertes. O império de todos os sentidos se consumavam.
Era o gozo. Atingíamos o clímax mútuo e concomitantemente antes mesmo de nos despirmos. Até porque o local era impróprio para a nudez ainda que parcial.
Bastava ver as nossas roupas úmidas coladas aos corpos frágeis e cansados sem noção de nada para entender o que é a verdadeira entrega.