HORIZONTE INCERTO
O céu não era branco e nem azul. Era de um tom rosado quase avermelhado.
O mar revolto não era verde e nem azul. Era de uma tonalidade cinza ônix. Assustador.
O dia que já não fora tão bonito findava lentamente carrancudo e tétrico.
A abóbada celeste estava indefinida, sem nenhum brilho, ainda que multicolorida.
O vento apressado e forte empurrava sem dó, nem piedade a nossa frágil embarcação.
Sem rumo e sem um horizonte definido íamos deslizando aleatoriamente sobre as águas de ondas gigantes.
A bússola avariada nada mais sinalizava. Seus ponteiros loucos apontavam simultaneamente em todas as direções.
Soberbo, indiferente a tudo, o sol se encaminhava para o infinito deixando um rastro cor de abóbora.
Para onde ir? Pra que navegar por águas desconhecidas se não visualizávamos um horizonte?
Essas indagações ficariam sem respostas se entre nós não houvesse amor. Se não houvesse fé e devoção. Se acreditássemos apenas no presente, sem nenhum futuro.
Unidos pelos desejos físicos, carinhos apaixonados e uma ânsia de amor real e verdadeiro rompemos a borrasca.