TROCA DE SALIVAS
Entrelaçados ficamos ali por tempo indefinido.
O vento soprava suave e vagaroso deslocando mansamente e até com ternura uma taquara da outra.
Não se podia dizer que onde estávamos era um taquaral, mas um recanto. Um túnel formado por algumas touceiras de taquaras.
Os sons das varas flexíveis no ar se confundiam com o assovio do vento, tornando o ambiente ainda mais aconchegante e acolhedor, propício a pratica do amor.
Qualquer outro sentimento que não fosse o amor, o bem querer, o bem estar e a vontade de entrega ali não caberia. Naquele aconchego infinito não divisamos o amanhecer e nem o cair da tarde.
Tivéssemos ou não alimentados ficaríamos ainda mais tempo se a obrigação do dia-a-dia não nos chamasse na segunda feira.
Fome não sentimos, uma vez que nos alimentamos dos nossos corpos, dos nossos beijos, dos nossos suores, matando a sede com as nossas próprias salivas que trocávamos a cada segundo.