PERDIDO NO MEIO DO TEMPO E DO VENTO
Apalpando o vento embrenhei-me no tempo.
Este passava soberano e até displicente.
Eu não conseguia vê-lo, mas ele me via e se divertia com isso.
Sorria da minha insistência em abraçar o nada.
Ah! Tempo e vento danados. Pra que isso?
Pra que atormentar tanto alguém sem rumo assim?
Tentei disfarçar os meus gestos inócuos cantando e assoviando canções inexistentes e desconexas.
Com passos descompassados e tortos andava alhures.
Vinha-me à mente apenas uma única e triste certeza:
Não adiantava andar, cantar, assoviar, gritar e mo meio do nada, pois no meio do tempo e do vento ha tempos eu me perdi sem perceber.