A PROCURA
Certo dia sentindo-me tão só, resolvi que já era tempo de ter alguém para amar.
No breu de uma noite sem luar saí em busca desse alguém que mentalmente insistia em ti. Tua imagem me vinha aos olhos a cada pífia luz dos indiscretos pirilampos que circulavam no ar, sempre no mesmo lugar.
Invadi um pequeno lago. Dele saí e me embrenhei num bosque. Por fim retornando ao núcleo urbano adentrei num bar qualquer. Destes que chamamos de botecos, onde as pessoas choram suas mágoas nos balcões ensebados e empoeirados. Ali permaneci não sei por quanto tempo.
Enfadado de ouvir tantas outras lamúrias, até que com lucidez, consegui reciclar os meus pensamentos e retomei a minha consciência, encontrando o porque dessa desastrada busca sem sucesso.
Perdi-me no espaço e no tempo apenas procurando por ti.
No entanto me vanglorio por não ter cedido às tentações mundanas das bebidas para justificar os meus atos impensados. Estou feliz por não ter deixado o famigerado álcool com os seus poderosos e perigosos tentáculos interferir nessa procura. Sim, eu sou abstêmio. Por isso não aceitei a ajuda de nenhuma bebida que só iria me distanciar ainda mais de ti.
CLEMENTINO POETA E MÚSICO
Enviado por CLEMENTINO POETA E MÚSICO em 29/05/2012
Alterado em 29/05/2012