O PALHAÇO
O palhaço nos faz rir mas ás vezes também nos faz chorar. Principalmente no instante em que percebemos que no palco do mundo e da vida cada um de nós é um palhaço. Na hora que olhamos a vida e tudo ao nosso redor é uma palhaçada
Vejam o que diria ou responderia para nós um verdadeiro palhaço: .
- Ah! Mas eu sou de carne e osso, mesmo sendo um palhaço profissional. Você na maioria das vezes ri das minhas vestes coloridas e esquisitas; ri das minhas tinturas fortes no rosto; ri do meu nariz com aquela tradicional bolinha vermelha, ri da minha voz rachada, mas sempre doce e convincente; ri da minha boca, do meu chapéu, dos meus sapatos compridos; dos suspensórios da minha calça, enfim, ri de tudo em mim, mas não ri de mim.
- Neste exato momento eu sou o palhaço RABECÃO mas quando acabar o espetáculo, eu correr para o camarim me trocar e sair para a rua, serei um ser humano, homem ou mulher. Serei, do palhaço Rabecão o João ou a Conceição.
- Nasci como todos os seres, com algumas diferenças porem. Os meus pais me amaram e me amam e se amam entre si; me deram força e estrutura para ser esse palhaço que ama todos vocês.
- Eu acordo cedo, tomo banho, tomo café, almoço, janto e faço no decorrer do dia um lanche, ainda que tudo modestamente. Do que agradeço a Deus pela alimentação até farta.
- Tal qual todo ser vivo e animal, ainda que racional, todos os dias faço as minhas necessidades fisiológicas, isto é, defeco, faço xixi, tenho tesão, faço sexo, quando criança me masturbava, e agora que sou adulto me masturbo também. Preciso sempre da companhia de alguém, posto que sou carente; sinto cheiro, dor e muito mais, tenho fome e sede; tenho lágrimas em abundância para chorar. Tenho visões boas e ruins. Sofro como todo ser humano sofre. Tenho anseios e muitos sonhos.
- Sonho em amar, e ser amado, fazendo alegres e felizes os que estão ao meu redor, sobretudo as crianças, mesmo que por alguns minutos.
- Sim, vocês talvez ainda não saibam, mas o principal objetivo de um palhaço que se preze, é fazer uma criança rir feliz. E essa criança muitas vezes está dentro de você aos oitenta ou cem anos de idade.
Mais do que possamos imaginar, em alguns momentos na vida, o palhaço que está nos fazendo rir felizes, está triste e chorando por dentro, face a uma desilusão ou pela perda de um ente querido.
Ah! O PALHAÇO. Querendo ou não sempre seremos um. Amadorística, profissional ou involuntariamente. Se olharmos bem dentro de nós e procurarmos minuciosamente, vamos encontrar um palhaço, rindo e fazendo outros rirem das nossas próprias palhaçadas. Vamos ver que por alguns segundos fomos palhaços e rimos das nossas besteiras, tristezas e desgraças.
Mas esses abnegados artistas de arena circense, de rua, de grandes palcos teatrais, do cinema, da televisão e do mundo são a razão da existência de nós outros poetas, músicos, atores e lutadores pela arte, cultura e pela PAZ DO MUNDO, tão almejada.
Nota:
Escrevo essa crônica em homenagem e com muita saudade do PALHAÇO BOLA SETE, do circo IRMÃOS CAMPOS, que em 1.953 conheci em São Sebastião-SP, o qual muitos anos mais tarde tornou-se para mim um amigo muito querido.
CLEMENTINO POETA E MÚSICO
Enviado por CLEMENTINO POETA E MÚSICO em 13/01/2012
Alterado em 13/01/2012