BOM DIA, BOA TARDE, BOA NOITE E BOA SORTE. QUE DEUS NA SUA INFINITA BONDADE NOS ILUMINE HOJE E SEMPRE.
CLEMENTINO, poeta e músico de São Sebastião-SP
Paraíso dos poemas e canções de um poeta e músico caiçara
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Textos

O TAMANDUÁ E A CASCAVÉL
 
 
                  Um tamanduá andava devagarzinho por uma trilha coberta de palhas em direção a um toco oco onde havia um formigueiro repleto de suculentas saúvas. De repente, sentiu a presença de uma cascavel exatamente no carreador por onde seguia. Bravo ele parou a uns três metros de distância e perguntou: 

                    - O que fazes ai sua compridona, feiosa e peçonhenta, com esse rabo barulhento, me atrapalhando de buscar o meu almoço?
           A cascavel esticou a cabeça a uns quarenta centímetros para o alto, olhou e observou o tamanduá, com o seu múltiplo focinho também de uns quarenta centímetros [nariz, focinho e boca, tudo integrado], bem como o seu grande e peludo rabo. Parou a cabeça no ar, com a sua finíssima e habilidosa língua se mexendo de um lado para o outro como a buscar sua presa, e respondeu:
                    - Igualmente a você, estou à espera de algo para comer e quebrar o meu jejum de uns três meses. Tenho certeza de que nesta trilha muitos macucos, jacus, perdizes, tamanduás e outros bichos mais irão passar em busca daquele suculento formigueiro. E, eu que não como saúvas, mas não sou boba, estou aqui esperando com calma. E acho até que acabo de encontrar a minha refeição. O chato é que esse seu corpo e rabo peludos podem me atrapalhar a digestão. Além do que, vendo daqui me parece um tanto magro. 
          - Quantos quilos você pesa mesmo?
                    O tamanduá tremendo de medo e de raiva responde:
                    - O que? Sua magrela peçonhenta. Não está querendo me comer, ou será que estás?
                    A cascavel desenrolou-se e ainda com a cabeça levantada, um pouco mais baixa, falou:
                    - Adivinhão. Só que você precisa engordar mais um pouco. Por isso vou sair e dar passagem pra você ir comer as suas saúvas e engordar. Na sua volta eu te pego e te como, pois magro e peludo assim como você está, vai acabar me dando azia e má digestão. 
                    Furioso o tamanduá sacudiu os seus pelos, deu meia volta e bradou:
                    - Está bem. Ficamos assim combinados. Eu vou até o formigueiro, me alimento bem, e na volta me entrego a você mais gordo e com pelos mais ralos e então você me come. Está bem assim magricela?
                    A cascavel se mexeu toda feliz, como quem conseguiu seu intento, falando: 
                    - Passa logo meu tamanduá gostosão. Vai que estou com fome. 
                    O tamanduá mais que depressa passou e quando já estava próximo ao formigueiro, a uns cinco metros de distância da cascavel, virou-se para trás e gritou com voz e ar de vitória:
                    - Acho que terei um delicioso e maravilhoso banquete hoje. Pois farei minha refeição assistindo ao vivo uma grande luta [briga] entre você e esse par de botas que está aí bem do teu lado. E olhe bem que o homem, dono das botas, está com um grande facão nas mãos, bem próximo do seu rabo barulhento [guizo]; mas pelo que posso ver daqui vai à direção ao seu pescoço para te degolar. 
                    - O que você acha disso?
                   - Quem mandou fazer barulho? KKKKKKKKKKKK.
                    - Se vira ai sua magricela peçonhenta.
                    - Quebra teu jejum comendo essas botas de borracha. Devem estar macias, kkkkkkkk.
                    A cascavel enrolou-se toda novamente tentando então esconder a cabeça, mas não teve tempo para tanto, pois o facão muito rápido deslizou no ar e foi em direção ao seu pescoço. Ela apenas gritou, com a cabeça já separada do corpo.  Aiiaiaiaiaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii..
 

 

CLEMENTINO POETA E MÚSICO
Enviado por CLEMENTINO POETA E MÚSICO em 24/04/2010
Alterado em 13/05/2019
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