EITA! VIDA DE AMARGÁ
I eu vo pegá a viola
Vejo tudo balançá.
Rolo que nem uma bola,
Tenho intão que sentá.
Eita! Vida tão danada
Essa que eu to a levá.
Num cunsigo fazê nada.
Ah! Si eu pudesse cantá.
Du jeito que a coisa tá
Num pode cuntinuá.
Tento tocá a viola
Pros ispritos espantá.
Nessa lida cumplicada
Já cansei de reclamá.
Oi vida amargurada,
Eita!, Vida de amargá.
Quando findá essa moda
Que eu to tentando tocá,
O coração si acomoda
E tudo vai miorá.
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NOTA DO AUTOR:
Esta é uma poesia brejeira que já se tornou uma canção. Embora eu a tenha classificada como um poema caipira. Presume-se uma obra caipira, aquela escrita destacada pelo sotaque diferenciado dos interioranos onde o conteúdo no texto sempre tem a linguagem normalmente usada pelos matutos. Esse é o meu entendimento. Se falarmos em moda de viola raiz aí sim, estaremos próximo da moda caipira, cuja letra que não deixa de ser uma poesia, retrata a forma brejeira como os matutos [caipiras] falam.
Mas essas diferenças entre brejeira e caipira não muda a idéia e a mensagem que pretendi transmitir. No caso presente, compus essa poesia "EITA! VIDA DE AMARGÁ" na cidade nos meios e com idéias urbanas. Para dar um colorido especial, usei o linguajar típico dos matutos, que aliás, alfabetizado ou não, pronunciam as palavras aplicando os verbos corretamente.
E esse sotaque brejeiro próprio dos interioranos paulistas é muito gracioso e pitoresco. Muito gostoso de ouvir. A simplicidade do povo do sertão é digna de admiração.